sábado, 13 de agosto de 2011

O Figurino do Século XVII

Produzir roupas características da época seiscentista foi o maior desafio da equipe de figurino do filme DIA DE PRETO. Partindo de uma pesquisa de arte que catalogou obras do período, como a pintura de Rembrandt acima, “O artista em seu estúdio” (de 1629), o diretor Marcial Renato e a diretora de arte e figurinista Karin Kulnig logo perceberam a dificuldade de encontrar referências precisas da região específica em que se passa o filme. Se a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro – então com menos de cem anos de idade - era pouco mais do que um povoado, a planície dos onze engenhos era um rincão ainda mais distante de qualquer registro visual. Outro obstáculo, obviamente, era a restrição orçamentária definida no modelo de financiamento do projeto. Ao contrário das peças contemporâneas, as lojas do RIOSHOPPING poderiam ajudar muito pouco na composição dos personagens no século XVII.

Uma das soluções foi estender a pesquisa para obras contemporâneas que retrataram a época. Foi assim que o filme “O Novo Mundo” (2005), de Terrence Malick, se tornou uma das principais referências para a recriação do período, devido ao minucioso trabalho de reconstituição histórica desenvolvido no quarto longa-metragem do recluso realizador norte-americano. A montagem acima mostra como o figurino de Colin Farrel inspirou o traje da versão seiscentista do personagem de Deivid Araújo no DIA DE PRETO. “Moça com Brinco de Pérola” (2003) foi outra fonte para a equipe de arte, que já se inspirava na obra do pintor holandês Vermeer que deu origem ao filme de Peter Webber.

Para a confecção das roupas de época, um apoio foi decisivo. Através do contato com o cineasta Oswaldo Caldeira e a produtora Paula Martinez, os diretores Marcos Felipe e Daniel Mattos, que já tinham sido alunos de Oswaldo na UFRJ e participado da produção do longa-metragem “Tiradentes” (1999), conseguiram o empréstimo de boa parte do figurino utilizado na obra sobre o “mártir” da Independência do Brasil. Uma questão precisava ser enfrentada: as roupas do filme de Caldeira se referiam a um período posterior da nossa história, o século XVIII. Assim, a figurinista Karin Kulnig teve o trabalho de customizar as peças, ajustando os cortes e simplificando os detalhes, além de usar técnicas de tintura e envelhecimento adequadas ao look definido para a arte do DIA DE PRETO. Na montagem acima e nas fotos abaixo, podemos conferir o resultado final da composição de alguns personagens do filme.

O visual de Marcelo Batista como o primeiro escravo alforriado do Brasil.

Ravena Kulnig caracterizada como uma sinhazinha do Engenho D’Água.

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