O Bonequinho foi assistir à cabine do filme Dia de Preto. Chegou contrariado
porque o chefe o preteriu ao escolher quem ia resenhar a avant-premiere do
vídeo da festinha de aniversário do Michael Haneke (dizem que é uma obra-prima
e vai ser o tetra do austríaco em Cannes 2013).
O
Bonequinho poderia ignorar a indicação do chefe e seguir levando sua vida,
aguardando um filme mais bonecudo para escrever uma crítica de três páginas e
quinze notas de rodapé. Mas, magnânimo, decidiu aplicar uma lição ao Dia de Preto, de um só parágrafo.
O
Bonequinho parecia sonolento, pois passou a noite anterior revendo toda a cinematografia
tadjiquistanesa, para não ser mais humilhado pelos amigos do Baixo Gávea.
Ao
chegar, queria logo afogar as mágoas e foi perguntando: "cadê a
champanhe?". Explicaram pra ele que não tinha, que o filme não tem
dinheiro público. A partir daí o bonequinho ficou num canto pensando que se ele
fosse francês sua vida não seria assim.
No
decorrer da sessão, a má-vontade e a abstinência de etanol venceram e o
Bonequinho dormiu profundamente. Quando o lanterninha, comendo um McLanche
Feliz, o acordou, o Bonequinho perguntou: "E aí? O que você achou?".
Pensando que se tratava do lanche, o lanterna respondeu: "Mais embalagem
que recheio".
Em
outras épocas, o Bonequinho diria que o filme é “preto de alma branca” (ou
“branco de alma preta”), mas agora o Bonequinho é politicamente correto.
Distraído,
o Bonequinho comeu o papel e jogou a bala fora.
Foi o seu dia de preto.
Foi o seu dia de preto.
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