quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pesquisando sobre o Século XVII

A pesquisa realizada para a recriação dos ambientes de um engenho de cana de açúcar no Rio de Janeiro em 1661 revelou detalhes da tecnologia da época, com impacto direto na produção de arte. Velas de parafina branca são um luxo moderno. No século XVII, muitas velas eram feitas de sebo, gordura animal, e fediam como tal. E eram um pouco mais escuras, amarronzadas, como no quadro ao lado, “Madalena” (1638-43), de Georges de La Tour. No DIA DE PRETO, as velas modernas foram caracterizadas com betume, ficando “bronzeadas” para as cenas no cruzeiro ou na mesa do Senhor de Engenho, no Século XVII.

Muitas referências para o figurino do filme estavam em “O Novo Mundo”, de Terrence Malick (foto acima, com Colin Farrel), saga contemporânea, na América do Norte, da lenda do primeiro escravo alforriado do Brasil. O estilo desgastado, sujo, realista era um modelo a ser perseguido na customização das peças cedidas pelo cineasta Oswaldo Caldeira e pela produtora Paula Martinez, do filme “Tiradentes” (1999), que retrata uma época posterior. A equipe de arte tingiu, cortou, desfiou e manchou algumas roupas, redesenhou outras e finalizou o acabamento com alguma poeira cenográfica.

A reconstituição de um cenário interior, a sala do Senhor de Engenho, também foi objeto da pesquisa de arte. O tom desejado pela direção deveria ser “alegremente contido, embora menos displicente” que os ambientes representados nos quadros do holandês Adriaen van Ostade, como esse auto-retrato ao lado, de 1663, apenas dois anos após os fatos ocorridos no DIA DE PRETO. No Brasil, vidros não eram exatamente corriqueiros, licença poética assumida pela produção, por motivos estéticos, narrativos e práticos. Mas o interior mostra uma sobriedade de formas e móveis fixos que de certa forma contrastam com a variedade de utensílios e objetos de cena.

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