domingo, 24 de julho de 2011

Produtores independentes, servidores públicos

Sob a ótica dos realizadores (na foto acima, Marcos Felipe e Daniel Mattos acompanham uma cena pelo monitor) e agora servidores públicos, a Ancine - Agência Nacional do Cinema, criada em 2001, vem se fortalecendo institucionalmente e começa a apresentar resultados concretos no fomento e regulação do mercado do cinema brasileiro. O Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), secretariado pela Agência, apresenta critérios públicos definidos para a seleção dos projetos, e os relatórios de análise e avaliação são disponibilizados aos proponentes. Um mecanismo muito mais transparente que o modelo tradicional de seleção de projetos para incentivo fiscal numa empresa privada ou nos demais editais públicos, com suas comissões caixa-preta. No FSA, o trabalho de seleção e decisão de investimento tem orientação técnica, fundamentada nas diretrizes e critérios deliberados por um Comitê Gestor com participantes do Governo, da Agência e do Setor Audiovisual.

O Diretor Marcial Renato lamenta, brincando, que uma entidade pública voltada para o audiovisual, e Fundos como o FSA tenham demorado tanto para surgir. Se o FSA existisse na época em que o primeiro projeto da DEMIAN foi desenvolvido, talvez o DIA DE PRETO nem existisse (na foto acima, detalhe de um restaurante no shopping, um dos cenários do filme). Mas as negativas de empresas públicas ou privadas e suas comissões de notáveis, quando eram comunicadas, não apresentavam qualquer justificativa específica, no máximo uma carta ou e-mail com texto-padrão. Muitas vezes, o projeto era sequer apresentado, ficando pela sala de recepção das empresas.

Na dupla perspectiva de produtores realmente independentes e servidores públicos concursados (na foto acima, a sombra de Marcos Felipe no cruzeiro original da Igreja de Nossa Senhora da Penna, em pesquisa realizada na fase de pré-produção), os realizadores do filme DIA DE PRETO procuram contribuir para a importante discussão sobre os rumos da política setorial que hoje se dá no âmbito da sociedade, do Governo, da Ancine e de outras instituições e agentes do setor, pela saúde do mercado e pela defesa de nossa identidade audiovisual.

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